quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Trabalho da facul

Uma das matérias mais interessantes que faço é a de Modernity, Traditionalism & National Identity. O objetivo do curso é analisar a história de Portugal de 1820 até os dias atuais através de textos literários. Assim, discutimos o contexto histórico, as técnicas literárias, a questão do passado e a construção da identidade lusitana.
Cada semana um aluno apresenta (em inglês!) uma obra literária e faz a ligação com o momento histórico. Eu escolhi falar do modernismo/futurismo português, da literatura de guerra, da necessidade de abandonar a visão romântica do passado. A base da minha apresentação será os poemas Ultimatum, de Álvaro de Campos, e Ultimatum Futurista, de Almada Negreiros. E olha só quem eu achei na net declamando o poema:



O ensaio escrito sobre este trabalho encontra-se no endereço: https://sites.google.com/site/pesquisaemletras/

Big City Sleep

Caros leitores,

estou participando de uma campanha de caridade para crianças de rua do Brasil. Quem quiser contribuir ou saber um pouquinho mais do jeitinho britânico de ajudar visite o site abaixo:


http://www.justgiving.com/Debora-Salomao0

Obrigada!
deb

Bristish Culture: The Poppy Appeal







Novembro é um mês especial para os ingleses. Eles celebram o The Poppy Appeal. O primeiro Poppy Day foi realizado na Grã-Bretanha em 11 de novembro de 1921, inspirado no poema In Flanders 'Fields escrito por John McCrae. Desde então, tornou-se um evento importante no calendário anual da nação.

A estória é a seguinte:

Um dos mais sangrentos combates da Primeira Guerra Mundial aconteceu nas regiões da Flandres (Bélgica) e da Picardia (França). A papoula foi a única coisa que cresceu após as batalhas. McCrae, um médico que servia junto às Forças Armadas canadeneses, comovido com o que viu escreveu o poema. (curisosamente estes versos me foram apresentados 9 anos atrás por meu professor de inglês quando estava no Canadá).

Na décima primeira hora do primeiro dia do décimo primeiro mês de 1918, a Primeira Guerra Mundial terminou. A população civil queria lembrar as pessoas que tinham dado suas vidas em prol da paz e da liberdade. Um secretário de guerra americano, Moina Michael, inspirado pelo poema de John McCrae, começou a vender papoula aos amigos para arrecadar dinheiro para a comunidade de ex-combatentes. E assim a tradição começou.

Em 1922, o major George Howson, um jovem oficial de infantaria, formou a Disabled Society para ajudar os ex combatentes da Primeira Guerra Mundial. Howson sugeriu que os membros da Disabled Society produzissem papoulas e a Poppy Factory foi fundada. A papoula original, desenhada especialmente para que os trabalhadores tivessem facilidade em montá-la, permanece a mesma até hoje.

Novembro mal deu as caras e já se vê garotos, rapazes e senhores usando a Poppy no lado esquerdo do peito. Muito legal!


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In Flanders' Fields
John McCrae, 1915



In Flanders' fields the poppies blow

Between the crosses, row on row,

That mark our place: and in the sky

The larks, still bravely singing, fly

Scarce heard amid the guns below.

We are the dead. Short days ago

We lived, felt dawn, saw sunset glow,

Loved and were loved, and now we lie

In Flanders' fields.



Take up our quarrel with the foe;

To you from failing hands we throw

The torch; be yours to hold it high,

If ye break faith with us who die

We shall not sleep, though poppies grow

In Flanders' Fields.

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Nos campos de Flanders
John McCrae, 1915

Nos campos de Flanders as papoulas balançam
Entre as cruzes, fileira por fileira,
Isto marca nosso lugar: e no céu
As cotovias, ainda voam e cantam bravamente,
mas não são ouvidas entre as armas abaixo.
Nós somos os mortos. Poucos dias atrás
estávamos vivos, sentíamos tristes, víamos o pôr-do-sol brilhar,
Amávamos e éramos amados e, agora, nós estamos deitados
Nos campos de Flandres.
Compre a nossa briga com o inimigo;
com nossas mãos caídas jogamos para você
A tocha, seja sua para que ela se mantenha no alto,
Se nossa fé se for com aqueles que morrem,
Não vamos dormir, apesar de as papoulas crescerem
nos campos de Flanders.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Trampo

Uma outra forma de conhecer o cotidiano londrino é arrumar um trabalho. Assim, você vê como se dão as relações de trabalho, a forma de socialização dos colegas, o jeito que as coisas funcionam. No início achei difícil conseguir porque, como em qualquer lugar, indicação conta muito. Mas quando completou exatamente um mês que estava aqui, 14/10/09, encarei o meu primeiro dia de trabalho.
E comecei bem do começo mesmo, como cleaner. Estava distribuindo currículos pelas ruas e conheci um porteiro boliviano que está aqui há 6 anos e que me passou este trampo. Trabalho de segunda a sexta de 5:00 as 8:00 da manhã no Centre Point (prédio de escritórios na Tottenham Court Station). As tarefas são tranquilas: lustrar as macanetas, limpar os vidros, tirar poeira. Fazem parte do meu team duas inglesas e vários bolivianos e colombianos. Estou super praticando meu espanhol!! Apesar de às vezes acordar com sono - principalemente se saio na noite anterior - é muito legal ver Londres acordar. A London Eye iluminada, sentir fog nas ruas, ver pessoas indo trabalhar e muitas voltando da balada em plena segunda-feira.
Também trabalho como waitress nos fins de semana ou em algum dia da semana que estou livre. A agência me manda email convocando e se eu quiser trampar eu respondo, bem flexível. Adorei a experiência! Uma galera de jovens, alguns estudantes, alguns que fizeram disso uma profissão. Ninguém sabe o que fazer direito, pois cada hora o gerente fala uma coisa: "reponha os pães, sirva no buffet, troque as bandejas de frutas, atenda as mesas!" Mas tá todo mundo no mesmo barco e a gente acaba se divertindo muito, conhecendo pessoas, fazendo amizades temporárias.
Em breve penso em largar o de cleaner. Apesar de gostar das pessoas e da estabilidade do emprego acho que posso experimentar outras coisas. E apareceu um terceiro emprego! O nome do cargo é analyst market research. O que tenho que fazer é analisar os comentários de clientes de determinados produtos (celulares, filmes, livros, series de tv) em foruns de discussão e websites e preencher uma planilha de acordo com categorias e classificações. Trabalho como freelancer em casa, horário flexível e ainda pratico meu inglês, as habilidades de tradução (dependendo do produto tenho que analisar websites em português/espanhol) e de interpretação (tenho que entender o que a pessoa quis dizer e porquê). Agradeço a Crisoca, que me indicou para a vaga, e a Prefeitura de Lagoa Santa, que me proprocionou experiência em marketing de relacionamento (isso contou muito no currículo e na entrevista).
Quero ter muitos outros empregos aqui! Cada dia vejo que, seja isso bom ou ruim, meu perfil profissional é o de um generalista, que faz um pouquinho de cada coisa, que sabe de "tudo" um pouco. Além disso, vejo que qualquer experiência é muita válida; sempre aprendo alguma coisa que serve pra minha vida pessoal ou que será um achado nas incertezas do futuro. Ouvi dizer que a Microsoft procura gente com este perfil... quem sabe é uma, né?! rsrs
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Para refletir:
"O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade."(Voltaire)
"É estranho que, sem ser forçado, saia alguém em busca de trabalho." (William Shakespeare)
"O trabalho agradável é o remédio da canseira." (William Shakespeare)
"O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra." ( Aristóteles)
"O gênio é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração." (Thomas Edison)
"Assim como não existem pessoas pequenas na vida, sem importância, também não existe trabalho insignificante." (Elena Bonner)
"A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma".(John Ruskin)
"A rotina é mais uma atitude da alma do que uma estrutura laboral". (Miguel-Angel Martí García)
"Pensar é o trabalho mais pesado que há, e talvez seja essa a razão para tão poucos se dedicarem a isso." (Henry Ford)
"O objetivo adequado da imaginação é proporcionar beleza ao mundo... lançar sobre um simples dia de trabalho um véu de beleza e fazê-lo tremer com a nossa alegria estética".(Lin Yutang)

Go shopping

Aqui está um post que ilustra minhas idas às compras.

Nas inúmeras lojinhas Off-license (tipo lojas de conveniencia geralmente de propriedade de indianos, afegãos ou polonoses) pode-se comprar cigarros, vinhos, chocolates, sanduíches, adaptador de tomada e o mehor de tudo: recarregar o Oyster - cartão semanal de transporte.

No supermercado - onde tudo é bem mais barato, inclusive mais barato que o Brasil (o cream cheese custa 1 pound!) - pode-se optar pelas tradicionais filas do caixa ou pelas máquinas de self check-out, nas quais o próprio cliente passa o código de barras das mercadorias no leitor óptico, embala, paga com cartão ou dinheiro e assina na tela com uma caneta magnética. Fazer as compras da semana é uma experiência democrática, pois sempre existe um produto que cabe no seu bolso. Quer geléia de morango? Existe uma bem barata, uma mais ou menos e uma cara. Ahh e se você não levar sua bolsa ecológica ou carrinho de compras você paga pelas sacolas plásticas.

O conceito de loja mais interessante é o das lojas Argos. Você entra e vai para um balcão de catálogos com milhares de produtos. Após fazer sua escolha, você digita o código do produto em um aparelho para ver se há items disponíveis. Se sim, você anota o código, vai ao caixa e paga. O terceiro passo é ir ao balcão de atendimento e pegar o que você comprou. Em menos de cinco minutos você pode sair de lá com uma mesa, um colchao inflável ou como eu com um depilador de bateria recarregável. Me senti percorrendo um daqueles fluxogramas das remotas aulas de Organizações e Métodos. Aqui funciona muito bem!

Os ingleses não têm a cultura de Shopping e nem são tão consumistas como os colonizados estadunidenses e seus "discípulos". Fui apenas a um Shopping que tinha lojas famosoas como a Mac, a Burberry, Calvin Klein, Lacost, Luis Vuitton, Mango, Mont Blanc, Tiffany, Swaroviski. Ruas de comércio são mais comuns. A Oxford St. é a mais turística. Mas há também a High Street Kensington e a Victoria Road. A Primark é, como diz o amigo Hudson, o paraíso dos "pobres". A TopShop, o ícone fashion. A Harrods, um luxo só. A T.Q.Max, um lugar de coisas legais pra ir em época de promoção. A House of Fraser, uma loja para olhar as roupas lindas e sentar na cadeira que faz massagem. A BodyShop, um cantinho cheiroso de cremes e produtos de banho. A Boots, a inspiração da Araújo - uma fármacia que vende até remédio. Há também os mercados! Comida, roupas, gravuras, quadros, bolsas, bijous, relógios... É só escolher; eu já fui no Camden Town, Portobelo Market, Notting Hill Market, Borough Market.

As papelarias dão descontos para estudantes e na compra de alguns produtos você leva outro grátis. Os fast-foods são bem baratos; um cheeseburger do McDonalds é 0,99 pounds. A HMV vende dvs e cds a partir de 3 pounds - deve ser por isso que não há locadoras de filmes aqui.

Os produtos, as lojas, o atendimento mostram muito da cultura inglesa : tudo prático, democrático, eficiente. Sem choro nem vela.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Faculdade

A faculdade aqui é bem legal. As salas de aula são equipadas com data-show, retroprojetor, cadeiras confortáveis, mesas grandes. Os professores são super qualificados; as aulas são em inglês e os textos para leitura são escritos em inglês e em português. Há muito apelo a discussão e a participação dos alunos.

O pessoal da recepção sempre dá a informação precisa, seja em qualquer campus que estiver. Isto eu achei impressionante! Se você estuda no Strand Campus, mas tem uma lecture no Guy’s Campus é só perguntar que a recepcionista informa a sala, o horário, o professor! Parecia que ela tava me esperando!

A primeira semana foi meio confusa... não apenas nós brasileiros fomos agraciados com a desordem. Meu tutor não sabia quais disciplinas eu devia fazer, quantos créditos tinha que completar, se podia me inscrever em cursos de outro departamento. Na verdade acho isso bem típico do mundo acadêmico. Tudo mais calmo, os erros podem ser revisados e tudo acaba bem. Bem diferente do mundo dos negócios.

Neste semestre estou fazendo duas disciplinas de Litertura/História Portuguesa, uma do departamento de Lingüística e vários cursos isolados de língua inglesa. Estou adorando! Cada vez mais me identifico com a área da Lingüística Aplicada. Acho que vou me especializar nisso.
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Lingüística Aplicada: “uma área de estudos que busca a integração da linguagem, seu aprendizado, processos sociocognitivos e um foco no sujeito/agente dos processos lingüísticos. (...) A grande virada da teoria lingüística não ocorreu de fato, como afirmado por muitos, ao final da década de 50, com o advento da Teoria Gerativa. As mudanças cruciais, a meu ver, têm-se desenvolvido com a busca de interfaces entre os estudos da linguagem, da cognição e da cultura”. (Mello, 2004. p55)

Fonte: http://www.voy.com/192107/4/3.html

sábado, 3 de outubro de 2009

“I will buy the flowers myself”


Desde pequena sou acostumada a minha própria companhia. Acho que isso explica muita, muita coisa mesmo do rumo que minha vida tomou. Sou caçula e minhas irmãs são respectivamente 4 e 6 anos mais velhas que eu e definitivamente fazem escolhas bem diferentes das minhas. Já brinquei muito sozinha: de boneca, de princesa de conto de fadas, de pegar a bicicleta e ir até a lagoa subir nas árvores, de ler livros da coleção vaga-lume, de quebra-cabeças. Sempre gostei de ter autonomia, de fazer aquilo que realmente desejava, tendo companhia ou não. Por outro lado organizava festinhas, presidia comissões de formatura, viajava com amigas. Cresci assim, sendo independente e digamos carismática. Adoro passear sozinha, pegar um ônibus/carro/avião e uma mochila e sair por aí conhecendo gente. Adoro estar com meus amigos num boteco ou na sala lá de casa até tarde da noite. Aqui estou aprendendo a equilibrar o convívio com os brasileiros e a prática do inglês/contato com outras culturas. Tenho tido ótimos momentos com o quarteto Carol/Marcela/Naiara/Luiz - como o passeio de barco a Greenwich, o happy hour com a Comunidade de Estudos Brasileiros e Portugueses, sem contar as burocracias que sempre optamos por decifrá-las juntos! Mas para mim a melhor forma de estar aberta para o novo é estar sozinha – terá isso alguma ligação com arquétipos da infância? Não sei... não sei se simplesmente sou assim e ponto! Alguns lugares imaginários, por exemplo, pedem que o visitamos sozinha. Senti isso quando refiz a caminhada de Mrs Dalloway, protagonista do romance homônimo de Virginia Woolf. Tinha tanta intimidade com esta obra que não havia como compartilhar a emoção de tentar vivê-la. Este foi um dos dias mais alegres que tive aqui. Ao andar pelo Dean’s Yard, pela Westminster e Victoria Street, pelo St. James' Park, pela Picadilly Street, pela Old e New Bond Streets até chegar a Oxford Street eu conversei com tantas pessoas pelo caminho! Com turistas espanhóis, com vários guardas (me perdi algumas vezes!), com o dono da loja de conveniência que é do Afeganistão... e depois descobri uma biblioteca ótima no meu bairro e fiquei amiga da camareira peruana da moradia... Fiquei feliz porque saber que posso contar comigo quando precisar e que me divirto muito em minha companhia! Assim como Clarissa Dalloway - introspectiva, emotiva, preocupada em se comunicar e em acreditar no significado de sua vida – estou aprendendo a aceitar as coisas como elas são e a tirar o melhor proveito delas.




Virginia Woolf *1882 + 1941

Uma das mais importantes escritoras britânicas. Realizou uma série de obras notáveis, as quais lhe valeram o título de "a Proust inglesa". Faleceu em 1941, tendo cometido suicídio.

Virginia Woolf era filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot.

Virginia Woolf foi integrante do grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionaria contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana.

A obra de Virginia é classificada como modernista. O fluxo de consciência foi uma de suas marcas mais conhecidas e da qual é considerada uma das criadoras.Suas reflexões sobre a arte literária - da liberdade de criação ao prazer da leitura foram reunidos em dois volumes O Leitor Comum , homenagem explícita da autora àquele que, livre de qualquer tipo de obrigação, lê para seu próprio desfrute pessoal.